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Emigração para Angola é o inverso da Emigração para a Europa.
Esta emigração é diferente. Por cá a necessidade é de técnicos especializados e não de mão-de-obra barata. Estávamos habituados a ver a emigração para países mais desenvolvidos e avançados culturalmente e para cá, nem por isso … Acresce ainda a diferença dos planos e objectivos para Angola poderem ser definidos a curto prazo.
Continuo a ouvir comentar por amigos e conhecidos meus em Portugal, o quanto gostariam de trabalhar em Angola. Porque será que estando cá há pouco mais de um ano, em Luanda, não considero bem o mesmo?
Ganhar bem e o clima ameno o ano inteiro realmente é bom, mas será que quem vem para cá tem a noção do resto? Eu não tinha.
Trabalhamos a dobrar ou mesmo a triplicar, o stress do trabalho é bem maior pois tudo é uma dor de cabeça para se arranjar neste país.
Mau, mau mesmo, é o trânsito, diria até caótico. Quem vem de Portugal não faz mesmo ideia. Caótico, caótico e mais caótico ainda. Quase sem regras, salve-se quem puder, todo o bocado de estrada serve para passar, qual proibidos, qual faixas contrárias! Estradas com 2 faixas a ficar subitamente com 5 ou 6. Bloqueia-se cruzamentos e rotundas por ignorância e falta de civismo. Qualquer descrição não chega para preparar ninguém para o que realmente vem encontrar nestas estradas.
Para se juntar a isto o lixo, muito lixo e pó por todo o lado. Terríveis desigualdades sociais, pessoas de muito mau humor e muitas a raspar o limiar da agressividade, tudo se conjuga para que em Luanda as coisas não sejam nada fáceis de se viver.
Em contrapartida Luanda não é Angola. Pelo que tenho visto, sair de Luanda é mudar de país, no que toca a mudanças de condições, sentimos de novo qualidade de vida, vontade de conhecer melhor outros locais e gentes deste belo país. Já fiz a deslocação Luanda-Benguela e Luanda-Huambo e ambas me fascinaram, desde as praias paradisíacas, às verdes paisagens, quedas de água de cortar a respiração, lindas sanzalas (aldeias), gentes afáveis, tudo se conjugava para realmente qualquer actividade profissional fora de Luanda fosse muito mais fácil de levar.
Profissionalmente, esta função tem puxado por mim em áreas que eu sentia necessidade de entrar e desenvolver (gestão e liderança) e sinto que tenho aprendido muito, mas em termos pessoais tem sido demasiado difícil estar longe das pessoas que realmente amo nesta vida. A ponderação entre o sacrifício necessário para cá estar e o ganho continuam demasiado equilibrados o que não dá nenhumas garantias de permanência.
Surge assim a necessidade de sair, aproveitar ao máximo os poucos tempos livres, o render ao máximo as curtas férias em Portugal, o aprendermos com a dor da saudade que nos aperta o coração.
Por aqui as lágrimas derramam-se para libertar tensões e poder seguir de novo em frente.
Vida de emigrante é mesmo dura, mas só passando por ela é que se apercebe da dureza da mesma, sejam perto ou longe do nosso país, sejam com melhores ou piores condições.
Fica por isso aqui uma homenagem a todos os emigrantes portugueses pelo que tanto ontem como hoje lutam por um amanhã melhor e involuntariamente continuam a dar valor a essa palavra tão portuguesa: Saudade.
Inspira, expira... derramadas as lágrimas o coração sossega, mas a saudade permanece... sorriso nos lábios quando te apercebes que o relógio do pc está em contagem decrescente e mais um dia já lá vai! :)
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