quinta-feira, 31 de março de 2011

Lusíadas 2011

(Não sei a origem, mas que está bem está :)


Os Lusíadas 2011

I
As sarnas de barões todos inchados
Eleitos pela plebe lusitana
Que agora se encontram instalados
Fazendo aquilo que lhes dá na gana
Nos seus poleiros bem engalanados,
Mais do que permite a decência humana,
Olvidam-se de quanto proclamaram
Em campanhas com que nos enganaram!

II
E também as jogadas habilidosas
Daqueles tais que foram dilatando
Contas bancárias ignominiosas,
Do Minho ao Algarve tudo devastando,
Guardam para si as coisas valiosas...
Desprezam quem de fome vai chorando!
Gritando levarei, se tiver arte,
Esta falta de vergonha a toda a parte!

III
Falem da crise grega todo o ano!
E das aflições que à Europa deram;
Calem-se aqueles que por engano...
Votaram no refugo que elegeram!
Que a mim mete-me nojo o peito ufano
De crápulas que só enriqueceram
Com a prática de trafulhice tanta
Que andarem à solta só me espanta.

IV
E vós, ninfas do Coura onde eu nado
Por quem sempre senti carinho ardente
Não me deixeis agora abandonado
E concedei engenho à minha mente,
De modo a que possa, convosco ao lado,
Desmascarar de forma eloquente
Aqueles que já têm no seu gene
A besta horrível do poder perene!

quinta-feira, 10 de março de 2011

Passageiro do lugar 18J


  1 De Março de 2011, o dia começa cedo e a ansiedade aumenta. A companhia do Bernardo é excelente e acelera-se para o deixar na escola. Restam uns últimos pendentes, última visita à Manvia, encomendas para Luanda, últimas compras, um almoço de despedida em boa companhia, de volta na presença do Bernardo, últimos telefonemas, uma agradável boleia e as despedidas sempre bem complicadas e de coração apertado.
  Tudo o resto corre de acordo com as marcações, sem atrasos Porto-Lisboa corre bem, um tempinho ainda para comer uma sandes e um telefonema de até breve bem especial para alguém do lado de fora do aeroporto...
  De novo no ar e a caminho de Angola. Sentado no lugar 18J, só e repensando os últimos tempos. Finalmente 2010 estava distante, distante em tempo, mas também distante de pessoas bem importantes. A realidade é que a perda de de pessoas importantes reverteu em ganho de grandes valores na personalidade. Equilíbrio ainda para me colocar novamente na presença de velhas e novas amizades, mas de novo reforçadas como se não tivesse havido interregnos pelo meio.
  A pausa absolutamente necessária fez-me renascer tanto em termos pessoais como profissionalmente. Novos contactos, novas experiências, um novo recomeço e reformulação de objectivos. As coisas estavam de novo no caminho cheio de força e até com saudades de voltar ao reboliço da cidade agitada que é Luanda.
  Dou por mim a pensar que apesar das 7:30 de viagem e dos 6.000km's de distância ao ponto de destino, que o globo é demasiado pequeno, minúsculo mesmo. A vida encarregou-se de me mostrar isso da forma que eu já não esperava. Com tanta gente e tinha logo que encontrar alguém novamente especial mas com coincidências do "arco-da-velha". Tão pouco tempo e logo tanta sintonia. Os receios das dificuldades tidas no passado voltam ao de cima não pela dor que posso sofrer mas pela que de certeza advém da grande saudade que se instala. Tento desanuviar a cabeça e seguir em frente. Desta vez a força é muita e a vontade de cumprir objectivos vai bem assente.
  Quero cumprir o meu objectivo, algumas coisas perdi pelo caminho, muitas outras ganhei, os riscos permanece elevado, mas a vontade de vencer está bem presente. Profissionalismo agora reforçado pela presença em Portugal, caminho a seguir bem presente, haja também alguma sorte à mistura.
  Como habitualmente adormeço logo a seguir à refeição, desta vez com as boas lembranças de muitos e excelentes momentos passados com o Bernardo, com a família, com os amigos, com alguém cada vez mais especial. Tudo me faz sentir feliz e renovado J
  Também como já é normal, acordo com o pequeno-almoço e já sinto a pressão da aterragem a cair sobre os ombros. Lá está Luanda e nenhuma surpresa: confusão e desorganização do costume. Ai que saudades...